Aumento da tarifa do táxi: famílias podem gastar até 150 mil kwanzas por mês apenas com transporte

A 6 de Julho de 2025, a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) anunciou o reajuste nas tarifas dos transportes públicos colectivos. O valor das corridas de táxi passou de 150 para 300 kwanzas por viagem, enquanto a tarifa dos autocarros subiu para 200 kwanzas. O comunicado, emitido em nome do equilíbrio operacional das operadoras de transporte, surge dias depois do governo ter anunciado uma actualização do preço do gasóleo.

Contudo, para milhares de estudantes, o novo aumento representa mais do que um simples reajuste económico. Em bairros periféricos como o Bate-Chapa, Malueca, Facebook e outros, famílias com filhos a estudar no centro da cidade começam a sentir o impacto nos gastos já neste mês. Uma simulação feita pelo Jornal Académico demonstra que, para dois estudantes do IMEL, situados no Largo das Escolas, o custo mensal apenas com transporte pode ultrapassar os 80 mil kwanzas, sem contar com alimentação, propinas, ou materiais escolares.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a média das famílias angolanas é de seis filhos por lar. Se aplicarmos os mesmos cálculos da simulação feita com dois estudantes, uma família com quatro filhos em idade escolar poderá gastar mais de 158 mil kwanzas mensais apenas com transporte. Especialistas em políticas públicas alertam que, sem medidas compensatórias, a mobilidade urbana poderá tornar-se um factor de exclusão escolar.

Para muitos estudantes do ensino médio e superior, sobretudo os que vivem nas zonas suburbanas e frequentam instituições nas zonas centrais de Luanda, o aumento das tarifas coloca em causa a assiduidade às aulas. “É um problema real. Muitos vão ser obrigados a faltar, porque os pais não vão conseguir pagar todos os dias 3.600 kwanzas só para dois filhos irem e voltarem da escola”, lamenta Ana Sofia, estudante universitária.

Segundo a ANTT, o reajuste insere-se numa política de “ajustamento flexível dos preços com base na paridade de importação e exportação”. A medida visa garantir a continuidade dos serviços, face ao aumento do preço do combustível. O Governo afirma que os ajustamentos estão cobertos pelo Decreto Executivo n.º 81/23 e pelo Decreto Presidencial n.º 283/20.

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