Portal de divulagação científica do MESCTI não publica artigos desde 2022

O site ciencia.ao, lançado em 2014 como plataforma de referência para a cultura científica em Angola pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, encontra-se praticamente estagnado. Em 11 anos de funcionamento, foram publicados apenas 14 artigos científicos, o que perfaz uma média de 1,27 artigos por ano. Mas o Jornal Académico descobriu mais: o site morreu logo à nascença. Já não existe!Criado para impulsionar o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), o portal tem-se limitado à divulgação esporádica de eventos institucionais, com longos intervalos entre actualizações. A última entrada data de 29 de Maio de 2025; a anterior, de Agosto de 2024. Nenhuma inclui conteúdos científicos, avaliações técnicas ou estudos originais.

Além da escassez de conteúdo, o portal apresenta várias secções desactualizadas. O Repositório Angolano de Acesso Aberto (RAnAA), uma plataforma digital anunciada com pompa pelo MESCTI e parceiros internacionais como a UNESCO e a União Europeia em 2024, encontra-se fora do ar, mesmo tendo sido apresentado como uma das grandes conquistas da I Conferência de Ciência Aberta da CPLP. A secção que deveria permitir o registo de utilizadores também não funciona, e o formulário de subscrição à newsletter leva a um erro de carregamento. E as redes sociais do portal, Facebook e Twitter, estão inactivas desde Junho de 2020.

O Jornal Académico ouviu docentes, estudantes e investigadores que descrevem a situação como "incompatível com o discurso oficial sobre aposta na ciência". 

Num país sem qualquer outro portal público de divulgação científica em operação contínua, a falha do ciencia.ao agrava o défice de acesso à informação em língua portuguesa. Muitos académicos angolanos optam, por essa razão, por recorrer a plataformas estrangeiras para publicar ou consultar material especializado.

O site alega ser actualizado sempre que há conteúdo disponível e dispor de uma equipa técnica do MESCTI. No entanto, a alegada frequência de “uma actualização a cada três dias”, descrita nas perguntas frequentes, não corresponde à realidade observável. Também não há sinal de uma política editorial activa ou planeamento estratégico de conteúdos.

Até à data de publicação desta matéria, o MESCTI não respondeu ao pedido de esclarecimento enviado pela redacção do Jornal Académico sobre a manutenção do site, a ausência de artigos e os planos de revitalização ou substituição da plataforma.

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